segunda-feira, 31 de março de 2014

Resenha: A maldição do Tigre



Sinopse: 
       Kelsey Hayes perdeu os pais recentemente e precisa arranjar um emprego para custear a faculdade. Contratada por um circo, ela é arrebatada pela principal atração: um lindo tigre branco. Kelsey sente uma forte conexão com o misterioso animal de olhos azuis e, tocada por sua solidão, passa a maior parte do seu tempo livre ao lado dele. O que a jovem órfã ainda não sabe é que seu tigre Ren é na verdade Alagan Dhiren Rajaram, um príncipe indiano que foi amaldiçoado por um mago há mais de 300 anos, e que ela pode ser a única pessoa capaz de ajudá-lo a quebrar esse feitiço. Determinada a devolver a Ren sua humanidade, Kelsey embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto pelo tigre quanto pelo homem.
(retirado do skoob)


Resenha:
      Primeiro de uma série de quatro livros lançados, A maldição do Tigre é uma história sobre redenção, espera e amor. Tudo começa por Kelsey, uma garota que acaba de sair do colégio e está a procura de um emprego. Ela é contratada por um circo e acaba se apegando ao tigre que faz parte do show. Dhiren é um bonito tigre branco, que possui olhos de um azul intenso que atraem a atenção da garota. Ela depois descobre que há muito por trás da história do seu bonito tigre. E para ajudá-lo, embarca em uma grande aventura pela exótica Índia.
       Primeiro ponto: foi muito sagaz da autora não prender o enredo na vida dramática da protagonista. Sim, ela ficou órfã e isso conecta o leitor com sua dor logo nas primeiras páginas. Mas esse fato não é profundamente trabalhado, caso fosse, tiraria todo o foco da estória. O que leva a outra observação: a não se conectar a detalhes sem importância, Colleen Houck desenvolve uma leitura leve, gostosa e que prende a atenção. A dinâmica do enredo é objetiva, e se mantém no objetivo de narrar a busca pelo fim da maldição.
       No meio disso tem, bem espremido, o romance entre Kelsey e Ren. Ele é muito adiado, e vai ganhando espaço apenas do meio para o fim do livro. O que foi importante, já que uma conexão real e sólida leva tempo para se estabelecer. Traduzindo: romancezinhos que vêm muito fácil, não colam. Por isso, a espera é recompensada nos capítulos que conduzem ao final. Ainda que a protagonista insista irritantemente com uma atitude auto-repulsiva e insegura, tentando afastar o tigre-homem de sua vida.. 

"-Deixe-me explicar dessa forma: assim... um homem faminto comeria um rabanete, certo? Na verdade, um rabanete seria um banquete se fosse tudo o que ele tivesse. Mas, se houvesse um banquete de verdade diante dele, o rabanete jamais seria escolhido. 
Ren permaneceu calado por um momento. 
- O que você está querendo dizer? 
- Estou dizendo... que eu sou o rabanete.
- E eu sou o quê? O banquete? 
- Não... Você é o homem. Só que... eu não quero ser o rabanete. Quem quer? Mas sou realista o bastante para saber o que sou e eu não sou um banquete. Quer dizer, você poderia estar comendo bombas de chocolate, pelo amor de Deus.
- Mas não rabanete.
- Não.
- Mas e se... - Ren fez uma pausa, pensativo - ... eu gostar de rabanete?" 
(página 321)

   
        Os diálogos são divertidos, tocantes e emocionantes. Vale ressaltar também o personagem secundário Kishan, irmão de Ren. Charmoso e com tiradas galantes, ele rouba um pouco da cena do irmão. A ideia do tigre preto e do tigre branco é bonita e simbólica, e o mais interessante é que apesar do que os signos do livro apontam (preto e branco = yin e yang), eles não são opostos, mas de fato bastante parecidos.

4 comentários:

  1. Adoro livros que retratam histórias com animais. Acho o animal a figura mais doce que o ser humano poderia ter junto consigo.
    Fiquei encantada com a premissa do livro e, com certeza, pretendo adquirir as obras para ler.
    Parabéns pela resenha bem criada. Também não gosto muito de autores que focam apenas na parte dramática do personagem e esquece dos demais. O livro que deveria ser uma coisa, acaba sendo uma balela cheia de dramas. Você conseguiu explicar isso muito bem.
    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso Top Comentarista

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    1. Espero que você se apaixone pelo livro tanto quanto eu. :D
      Obrigada, e abraços ;)

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  2. Entendo quando você fala que romancezinhos fáceis não colam. No entanto, há de se dizer que às vezes eles são a tirada mais-que-perfeita. Por quê? Simples. Deve-se ter em mente que nem todo escritor tem o domínio do que se quer referir de amor. Quero dizer não tem experiências que ratifiquem o que está dizendo. Entretanto isso não torna menos escritor do que aquele que aborda o romance de forma exaustiva. Nessa nossa literatura pop do século XXI é cada vez mais comum que escritoras abordem as paixões (Coisa que no século XIX estava presente nos livros de homens). Um dos exemplos mais interessantes para se explicar isso, é a escritora Emily Brontë. Emily era uma mulher que nunca viveu uma relação amorosa. Deve ter se apaixonado, amado, mas nunca experimentou a sensação. Contudo seu livro O Morros dos Ventos Uivantes é carregado de romantismo, da essência dos apaixonados. Acredito que às vezes, o romance rápido, inseparável - quase que profético - que se constrói entre poucas linhas pode ser sim interessante e aceito pelo leitor. Isso depende muito do que realmente vai tratar a obra. Se será o romance o tema principal, ou se ele é apenas um gancho dentro dos muitos conflitos do enredo. Opiniões à parte... Adorei a resenha Mallú! Só você mesmo para trazer um texto tão maravilhoso para nossas interpretações das leituras.

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    1. Obrigada, Jeff. Pelos elogios e pela bonita explanação. Eu concordo. Acredito primeiramente que se o escritor desenvolve sua obra com paixão e dedicação, então seu trabalho é bom, independente do enredo. Tenho um histórico de romances fáceis nas minhas leituras passadas, por isso fiz essa observação. Mas não acredito que isso seja regra geral, ao contrário, desejo que nos conquistemos com mais e mais romances assim. Porque afinal, essa é a premissa do amor à primeira vista. E quem não quer um amor assim? Só que devo admitir que conceitos como esse ainda são muito idealizados para mim. Abraços (:

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